AOS PAIS


As correções e intervenções mal sucedidas

Certa vez um pai chegou à cozinha de sua casa e viu seu filho brincando com uma faca afiadíssima; descontrolado pela raiva e medo, o homem puxou a faca abruptamente. Quando ele viu a faca em suas mãos, sentiu-se aliviado, pois imaginava que tinha salvado a criança do perigo. Depois de alguns segundos, ele ouviu a criança gritar: “Pai, o senhor me cortou, o senhor me cortou!”. Às pressas, a criança foi levada para o hospital, mas, antes de chegar ao pronto-socorro para receber atendimento médico, ela faleceu. O menino faleceu nos braços daquele que mais o amava e que tinha responsabilidade direta sobre sua vida, seu pai.
Vamos analisar essa história para extrair algumas lições importantes.
Durante um dia, muitos erros serão cometidos pelos filhos. A palavra erro e falha talvez seja a melhor palavra para descrever o ser humano. Você pode cercar os filhos de todos os cuidados, ler para eles todos os provérbios, estabelecer regras e mais regras e pode até mesmo orar continuamente por eles, mas mesmo assim continuarão errando e falhando. Essa verdade, embora seja muito óbvia, é esquecida pelos pais que, muitas vezes, parecem querer encontrar em casa um ambiente “sagrado” e filhos “angelicais”.
Os pais, aos poucos, inconscientemente, vão imaginando que, à medida que se esforçarem, os erros dos filhos vão desaparecendo. Então, começam ver a situação como um cálculo matemático: se eu me esforçar em casa com relação à educação de meus filhos, menos erros vão ser cometidos; se eu dobrar os cuidados, a educação e a diligência, teremos ainda menos erros e, se multiplicar os esforços, muito menos ainda. Esse raciocínio lógico vai sendo criado até gerar a falsa idéia de que, quando os pais tiverem se esforçado ao máximo, não existirão mais erros. Por causa desse pensamento, muitos pais ficam “loucos” quando seus filhos erram. Talvez a única proporção que exista seja essa: toda vez que nossas expectativas são muito altas, mais frustrados ficamos quando nossos filhos erram.
Quando seus filhos errarem, procure distinguir os filhos dos problemas e se lembrar de que a disciplina tem um propósito, que é o aproveitamento (Hebreus 12:10). Na história citada acima, o pai conseguiu tirar a faca das mãos do filho, mas, sem querer, o matou. Qual é o objetivo dos pais no momento em que estiverem disciplinando? É salvar o filho. Se ele não gosta de estar nas reuniões da igreja, se briga com seu irmãozinho em casa, se assiste a muita TV, se passa muito tempo conectado na internet, se não quer estudar as matérias da escola, se não quer cooperar com os afazeres de casa, se anda na companhia de pessoas estranhas, o que fazer? Salvar os filhos dessas coisas.
É justamente nesse momento que os pais precisam separar o joio do trigo. Precisam ter sensibilidade para saber o que é mais importante: atacar o erro sem se preocupar com aquele que errou ou salvar aquele que errou e ao mesmo tempo corrigir o erro? O joio é o erro e o trigo é o filho. Todo pai precisa fazer essa distinção, de início, para obter melhores resultados em sua disciplina. Não adianta ficar com a faca na mão e perder o filho.
Os pais precisam agir com calma para aumentar sua perspectiva: a raiva, a falta de domínio próprio e uma emoção descontrolada são os maiores causadores de problemas no momento em que os pais vão disciplinar os filhos. A melhor maneira de enfrentar situações de desagrado com os filhos é se voltar para o Senhor e pedir Sua orientação para saber a melhor maneira de disciplinar os filhos. Jesus é o Senhor!

A direção na presença de Deus

Não existem bons filhos que tenham vindo de situações aleatórias ou que sejam obra do acaso. Todos sabem que, quando se jogam dados para cima, abre-se uma probabilidade muita pequena de vir o número esperado. Se há poucas chances de cair o número desejado com o dado que tem apenas seis lados, o que dizer da criação de filhos que por natureza são complexos e apresentam uma infinidade de faces?
Os pais devem reconhecer, logo no início de sua carreira como tutores de seus filhos, que não podem sozinhos conseguir, no meio de um tempo conturbado como este em que vivemos, gerar filhos saudáveis e úteis para o propósito de Deus. Em nenhuma geração que já passou, foram encontradas condições tão propícias e fáceis para que os filhos se percam como esta em que estamos vivendo. Muitos filhos são arrastados para a promiscuidade, para a formação de grupos que buscam o perigo, e para “esportes” que promovem a autodestruição por não verem mais sentido em suas vidas. A correnteza é forte demais para os pais ou mesmo os filhos superarem tão íngreme subida sozinhos.
O livro de Êxodo registra a saída dos filhos de Israel do Egito e o percurso desses do deserto rumo à terra da promessa, Canaã. O livro fala que, em um dado momento da travessia, Moisés disse: “Se tua presença não vai comigo, não nos faças subir deste lugar” (Êxodo 33:14, 15). Essa atitude que revela incapacidade e dependência deve ser a mesma que os pais devem experimentar. Será que você reconhece a dificuldade que é o “deserto” da criação de filhos? Será que confia em sua habilidade e experiência humana para conduzir seus filhos por esse caminho tão perigoso? Moisés disse: “Não nos faças subir”. Ele sabia que colocaria tudo a perder se fizesse tudo sozinho. Sem dúvida, em algum momento do trajeto, ele não saberia se o caminho que devia seguir era pela esquerda, direita, se seguiria em frente, se subiria ou se teria que parar. As possibilidades eram muitas. Fica evidente que não podia avançar sem a presença de Deus. E, nós, pais, que também não sabemos o caminho, deveríamos temer seguir baseados em nosso próprio sentimento e em nosso próprio senso de direção.
A declaração de Moisés parecia ainda querer dizer: “A responsabilidade é grande e não sei como proceder. Não quero arriscar, não quero tentar primeiro para depois descobrir que não sabia e que não podia conduzir o povo; não tenho tempo a perder, não temos outra chance, por isso, não nos faça subir sem Tua presença”.
Se a falta da presença do Senhor podia chocar e paralisar Moisés, a presença Dele, por outro lado, era uma garantia de que eles chegariam a seu destino. Podemos dizer, aplicando essa palavra a nós, pais, que com a presença do Senhor não apenas retiraremos nossos filhos do Egito e os atravessaremos pelo grande e longo deserto, bem como conseguiremos introduzi-los na boa terra que Deus prometeu. Com a presença do Senhor, temos Seu guiar, Sua proteção, Seu conforto e o suprimento de que precisamos para seguir em frente.
Muitos pais têm perdido seus filhos para o mundo porque até agora têm usado seu jeito, sua força e destreza humana para conduzi-los ao Senhor. Moisés reconheceu que, para vencer as investidas do inimigo que certamente se levantaria no caminho, era necessário contar com a orientação viva do Senhor junto dele.
Se a presença do Senhor é tão essencial para os pais, então eles devem esforçar-se para tê-la constantemente. Os pais devem buscar juntos o Senhor e fazer com que seu lar fique cheio da presença de Deus. Por exemplo, buscar o Senhor pela manhã vai resultar na primeira orientação de Deus para os pais de como tirar os filhos do Egito, atravessarem-nos pelo deserto e introduzi-los, por fim, em Canaã, a qual prefigura Cristo, nossa meta e alvo.
É com a presença de Deus e não com tentativas humanas que os pais descobrem o caminho que deve ser aberto para os filhos seguirem.

O maior fracasso humano

Entre todos os fracassos que pode ocorrer na vida humana nenhum é mais devastador do que fracassar como pai. Muitos homens de negócios temem fracassar: empresários, técnicos de futebol e casais. Mas nenhum desses fracassos pode ser comparado com o fracasso que alguém pode ter como pai.
Entre as pessoas citadas: empresários, técnicos e casais todos têm sua maneira de defender-se, mas no que diz respeito aos filhos, que são colocados em nossas mãos, eles estão simplesmente indefesos. A responsabilidade de ser pai é grande porque as pessoas que Deus colocou em nossas mãos terão o destino que nossa condução apontar. Isso é extremamente relevante. Não é porque essa tarefa é grande que um pai pode desculpar-se diante de Deus apresentando motivos porque perderam parte de seus filhos. Daí, ninguém pode chegar diante do Senhor dizendo: “Tu me confiastes cinco filhos e eu perdi três.”
Outro ponto importante: a igreja não pode avançar se os pais não estão conscientes de que os filhos que têm foram por Deus confiados a eles. São os pais, pelo tipo de criação que estão dando aos filhos, que determinarão a igreja que terão no futuro. O Senhor nos delegou o ministério de pregar o evangelho e não é razoável pregarmos o evangelho, permitirmos que novas pessoas entrem pelo local de reuniões e nossos filhos saírem pela as portas dos fundos.
Ao longo da história da igreja, temos visto muitos pais fracassarem. É lamentável que isso não esteja sendo levando a sério por muitos pais. As crianças são pessoas ternas, genuínas e indefesas, portanto não podem fazer muitas coisas por si mesmas. Os pais podem perder os filhos pela maneira frouxa e descompromissada como vivem a vida cristã. Se você é solto em sua vida pessoal, também os seus filhos o serão. Se os pais pretendem guardar e ganhar seus filhos, precisam compreender que viver de forma restrita e santificada não é uma das muitas opções que tem, mas a única opção. Exercer domínio próprio, santificar-se e sacrificar sua liberdade pessoal é uma exigência básica para alguém que deseja ser um bom pai e que pretende ganhar seus filhos para o Senhor.  Se você não exerce o domínio próprio nem renuncia sua liberdade, se verá em apertos quando tiver que acertas as contas com o Senhor no futuro.
Talvez algum pai possa estar pensando: “neste caso eu vou me policiar mais para manter-me equilibrado e comportado quando estiver diante deles” Precisamos dizer que não demorará muito para que seus filhos reconheçam que você não é a pessoa que aparenta ser.
Se quisermos ser bons pais devemos ter um viver mais restrito e andar com Deus diariamente.
O livro de Gênesis registra a história de Enoque da seguinte maneira: “Enoque viveu sessenta e cinco anos e gerou Metusalém. Andou Enoque com Deus; e, depois que gerou a Metusalém, viveu trezentos anos; e teve filhos e filhas” ( 5:23, 24). Não sabemos a condição em que se encontrava Enoque antes de atingir sessenta e cinco anos de idade, mas depois que gerou a Metusalém, sabemos que ele caminhou com Deus por trezentos anos. Depois disso ele foi arrebatado. Logo que sentiu sobre os homens o peso de ser pai, de conduzir sua família, ele se viu débil e incapaz. Não é algo pequeno a tarefa de ser pai, mas não é por isso que devemos desanimar ou desistir. Em vez disso podemos tomar o caminho de Enoque: andar com Deus. Quanto alívio ele não devia sentir todas as vezes que estava andando lado a lado com Deus. Deus não somente o ouvia, mas possivelmente o ajudava a carregar o fardo da responsabilidade de ser pai.
Enoque não só caminhou com Deus na presença de seus filhos, ele caminhou com Deus inclusive quando estava só. Ele sentia que se não caminhasse com Deus, ele não saberia como criar seus filhos. Enoque não só gerou Metusalém, senão muitos outros filhos. Por causa dessa nova realidade ele começou a andar com Deus. Sua responsabilidade como pai não o impediu de andar com Deus, pelo contrário, o forçava a andar com mais diligência ainda. Finalmente, ele foi arrebatado.
A primeira pessoa a ser arrebatado na Bíblia foi um pai.

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